segunda-feira, 23 de maio de 2011


"Um dia vais perceber que chorar não muda as coisas. Que permanecer trancada no quarto, a encarar o tecto e a esperar que as coisas melhorem, não faz com que os ponteiros do relógio parem ou se movam para trás. Vais perceber que noites em claro não são a solução para te livrares de sonhos ou pesadelos, pois estes vão perseguir-te mesmo quando estás de olhos abertos. Um dia vais perceber que cortes no pulso não tornam o dia mais bonito ou mais claro. Que a indiferença dói, mas não mata. Que um coração partido, nunca volta a ser o mesmo de antes, e que uma vez quebrada, a confiança não se regenera. Um dia vais entender que vai chegar a hora na qual lutar, e essa vai converter-se na tua própria derrota. A hora em que desistir, deixar partir e fugir, é a única alternativa. Vais perceber que há momentos que duram uma fracção de segundos, mas podem causar danos que durarão décadas a serem restabelecidos. Um dia vais perceber que a palavra desistir é relativa, que o verbo esquecer é involuntário, e que o amor nem sempre é plural, e que quando é singular, dói. Vais perceber então que a mês após mês, dia após dia, hora após hora, que o tempo não é constante. Que ele muda, que ele passa depressa, e que vai eternizando momentos, arrastando lembranças, sequestrando pessoas. Vais perceber que mesmo sem viver, sobrevives… Mesmo sem quereres, segues em frente. Vais perceber então que quando esse “um dia” chegar, não saberás o que fazer. Vais perceber que talvez, nunca saberás."

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